domingo, 21 de agosto de 2011

joana 1.

O sol deixava de se intimidar pelos pingos da chuva e isso infestou o coração de Joana, ainda que efemeramente, de fresca esperança de vida que tentava saltar para dentro de casa, onde estava lendo.
Fechou o livro. Abriu as janelas. Olhou aquele monte de ânimo e desânimo no espelho. Cantou. Atendeu à chamada, cuja conversa caminhava por fios enrolados. Comparou os impulsos que transmitiam a mensagem com os impulsos que a levavam a agir. Ninguém a reprimiu- estava só.
Como num ímpeto de viver, imaginou-se em um jardim a correr, e não estaria só. Por fim ela cairia, cabelos bagunçados de um jeito vintage que via nas revistas e achava puro; sorriria, uma mancha de sol cegaria seus olhos.
A tarde passara custosamente rápido. E o sol, ao contrário do que imaginara, não a fazia encolher os olhos; suas pupilas procuravam ainda mais luminosidade.
Tomou o livro novamente, gostava de se sentir capaz de entender metáforas e metaforizar. O frio do cair da noite parecia aquecer-lhe o coração- agradavam-lhe também as antíteses.

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